Ando
percebendo algumas coisas engraçadas ultimamente. Será que o
universo realmente conversa com a gente, presta atenção nas coisas que, às
vezes, nem percebemos? Se tem uma coisa que eu percebi nos últimos tempos é que
não existe frase mais verdadeira do que “as
coisas acontecem quando a gente menos espera”. E se a gente colaborar, o
universo conspira sim a nosso favor. É bizarro. Mas tem que rolar uma ajuda
mútua, não é só torcer pra tudo dar certo e pronto, cruzar os braços. Depois
não vale amaldiçoar o mundo porque nada acontece do jeito que você gostaria que
tivesse acontecido.
Não faço ideia
do que aconteceu, não sei o que fez o mundo girar de uma forma diferente, mas
ultimamente parece que o universo está me escutando e nem sei como descrever o
quanto isso é gratificante. E sabe como isso tudo começou? Quando essa
reviravolta decidiu acontecer? Quando, na virada de ano, eu prometi para mim
mesma que deixaria de torcer para o universo conspirar a meu favor e fazer todo
o trabalho braçal sozinho. Quando eu decidi que, a partir desse ano, eu me
viraria sozinha, eu mesma daria conta de fazer tudo o que eu sonhava em
alcançar. Eu disse uma frase que parece ter mudado as rédeas da minha vida; eu me basto. Pronto. E eu percebi isso de forma tão convicta que
até o arrepio que tomou conta dos meus braços acreditou. A partir disso, até
o vento que soprava meus cabelos no meu rosto parecia diferente. Porque de um
segundo para o outro eu me tornei
diferente. E não precisei que ninguém me mudasse, não precisei da ajuda de
nenhum anjo salvador pra me dar conta de que eu mesma era o suficiente pra mim.
Sempre fui uma
pessoa meio solitária, meio contida em si. Passo muito tempo tentando absorver
a profundidade que tenho contida em mim mesma. É desgastante, é frustrante e
exaustivo na grande maioria das vezes. Acho que algumas pessoas nascem mais
atormentadas que outras, mas fazer o que? Não escolhi carregar o fardo, mas não
vou morrer por causa disso. É uma simples questão de escolha: se aceitar da
maneira que você é e lidar com isso de cabeça erguida ou passar o resto da vida
tentando mudar algo que, sinto informar, é imutável.
Passei grande
parte da minha vida esperando as coisas acontecerem. Tinha um plano, todo um
planejamento formado de como eu imaginava que a minha vida seria a partir de
determinado momento. Sempre acreditei que hoje minha vida seria de um jeito
completamente diferente do que é. Quando percebi que não era bem assim que
funcionava, cheguei bem perto de enlouquecer. Quando percebi que não havia como nadar contra a maré, quis me afogar
nessa correnteza. Fiquei nessa por um bom tempo, desorientada, sem fazer a
menor ideia do que eu deveria fazer com a minha vida. É meio desconcertante não
ter a mínima noção do que fazer para começar a arrumar a casa. Por onde você começa a mudar quando tudo
precisa ser mudado?
Eu tinha duas
opções; ou eu deixava todos esses pensamentos, incertezas e medos me pegarem ou
fazia alguma coisa para colocar a cabeça no lugar. Confesso que fiquei assim um
tempinho, aceitando que não estava nada do jeito que eu gostaria que estivesse,
que falta uma, duas, mil coisas para me sentir plena de verdade e sentindo pena
de mim mesma. Mas se tem uma coisa que até eu com minha pouca vivência sei, é
que a vida passa muito rápido e qualquer coisa pode acontecer a qualquer
momento. Não queria desperdiçar nem mais um segundo da minha vida, nunca me perdoaria se chegasse a um ponto
em que eu olhasse para trás e percebesse que não fiz nada do que gostaria de
ter feito por culpa minha. Me lembrei da promessa que fiz pra mim mesma no
começo do ano e é aí que quero chegar.
A gente precisa
deixar de lado alguns confortos para poder viver momentos incríveis. Às vezes o
destino está esperando, de braços cruzados e impaciente, você se tocar de que
também precisa se mover. Às vezes o destino está ali, do seu lado, só esperando
a oportunidade certa pra jogar algo maravilhoso no seu caminho. Seja uma
pessoa, um momento ou uma oportunidade. Acredito muito nessa coisa de momento
certo, de “era pra ser”, de saber ver os sinais que a vida bem discretamente
espera que você veja. Mas também acredito que, de alguma forma, temos que estar
abertos a isso. E eu não estava até me lembrar do que havia me esquecido nos
últimos meses. Eu me basto.
Decidi deixar de
lado toda a negatividade e começar a procurar por alternativas que fossem me
fazer bem, me ajudar a me encontrar de novo. Só precisamos de nós mesmos,
afinal, certo? E não é que logo depois que eu decidi tentar me fazer feliz
surgiu a oportunidade de fazer uma viagem incrível sozinha? Eu, claro, aceitei.
Só pensei bastante depois que já tinha me agarrado a essa oportunidade com
unhas e dentes. Apesar do frio gigantesco na barriga, era pra ser. Como eu
disse, acredito muito nessa coisa de sinais, sempre fez todo o sentido do mundo
pra mim. E era pra ser. Viajei sozinha
pra Nova York com uma única mala e muitos sonhos na cabeça. A companhia era pouca, mas a vontade de
viver era muita. Estava nervosa? Muito. Mas não de um jeito ruim, parecia
que cada fibra do meu ser me abraçava agradecendo por essa ousadia. Tudo fazia
sentido naquilo, eu tinha a certeza absoluta de que estava fazendo a coisa
certa. E quer saber? Foi a melhor escolha que já fiz na minha vida. Acho que
nunca aprendi tanto em tão pouco tempo e de um jeito tão maravilhoso. Conheci
muita gente incrível, lugares maravilhosos e vivi momentos inesquecíveis. Me
apaixonei por muitos sorrisos lindos, por estranhos inusitados e paisagens de
tirar o fôlego. E cada vez que eu me
lembrava de que estava bem sozinha, uma pessoa diferente aparecia e me
conquistava de alguma forma. Parecia
que o universo queria me recompensar por cada pensamento mais maduro que eu
tinha. E, quando eu ousei fazer um pedido para quem estivesse ouvindo, o
destino sorriu. E foi incrível. Ali um coloquei um marco na minha vida.
Voltei outra
pessoa. A viagem foi incrível e superou todas as minhas expectativas, mas
também voltei com o peito um tanto quanto pesado. E quando estava tentando
entender tudo o que minha cabeça chorava para processar e meu coração sofria
tentando se acostumar, senti que estava me fechando de novo em mim mesma. Não
podia fazer isso novamente, não depois de tudo o que eu havia aprendido tão
profundamente em tão pouco tempo. Bati um papo comigo mesma e coloquei a casa
em ordem – se bem que nunca vou estar de fato em ordem, sou a bagunça mais
louca e desesperadora que já conheci.
Por mais que os outros tentem, cabe a nós mesmos nos ajudar. É uma
verdade fodida, mas ainda assim é uma verdade. Quando decidi que não iria mais
sofrer por conta de um deslumbramento, um encanto por um novo velho conhecido,
no momento em que expressei essas palavras em voz alta, recebi uma mensagem de
um novo estranho simpático. E mais uma vez veio aquela sensação de que eu estava
fazendo certo escolhendo eu mesma, escolhendo a minha própria felicidade.
Parece até
mentira, mas ultimamente o universo parece estar olhando pra mim, atento aos
meus passos e escolhas. Parece que finalmente sinto alguém tomando conta de
mim, me dando beijos na testa e tapinhas no ombro. Tudo porque estou cuidando
de mim mesma também, porque decidi tomar as rédeas da minha vida e me
responsabilizar por minhas escolhas. Porque
decidi ser feliz por mim mesma.
A vida era mais
solitária quando eu esperava pelos outros, quando rezava pra entrar alguém na
minha vida que me motivasse o suficiente para fazer tudo o que eu deveria ter
feito sozinha. Descobri que me sinto muito menos sozinha quando decido ser
feliz por mim, quando tomo atitudes que farão bem pra mim. Quando somos felizes
conosco os outros percebem isso, inconscientemente, e querem se aproximar. Foi rindo sozinha, me sentindo bem comigo
mesma e sendo feliz com a minha própria companhia que conheci pessoas
maravilhosas que se sentiram atraída por alguma coisa em mim que eu mesma
estava começando a me apaixonar. Aquela coisa de observar o que está
emitindo para perceber o que se está recebendo nunca fez tanto sentido pra mim.
Foi quando percebi que eu me bastava que pude aproveitar as companhias que, de
repente, foram surgindo na minha vida.
O que eu quero
dizer com tudo isso é que a cada vez que eu criava coragem e descobria em mim
mesma a vontade de ser feliz sem depender de ninguém, o destino me presenteava
com alguma coisa. Com uma viagem inesperada, companhias maravilhosas, um
estranho incrível e ainda mais força e vontade de viver.
O resumo da
ópera? Vou continuar com essa meta: eu me basto; e vou ser feliz por mim mesma,
isso contagia os outros. “As coisas
acontecem quando a gente menos espera”, “observe o que está emitindo para
perceber o que está recebendo”, “o que é pra ser vai ser”... São meus
mantras diários que vou levar tatuados na alma até que outros se tornem mais
verdadeiros e significantes para mim. Descruzando os braços vou buscar aquilo
que me faz bem, vou construir meu próprio caminho, fazer da minha estrada
maravilhosa e incrível. Não mereço nada menos que isso. Se o destino quiser me
presentear com algo ou alguém, é muito bem-vindo, mas não vou mais depender de
expectativas, de sonhos amargurados e nós na garganta. Eu me basto. Eu me basto.
Enquanto isso,
vou deixando a correnteza me levar, nadando a braçadas. De vez em quando eu me
agarro a algumas pedras, aprecio a vista ao redor e deixo a água tentar me
puxar. Sem lamentações, só o tempo de respirar fundo novamente antes de me
jogar nessa correnteza de incertezas com algumas certezas também, por que não?